Susan se sente impotente. Impotente diante da vida. Ela ainda se lembra de se sentir perdida com o fim do ensino médio, enquanto seus amigos e a maioria dos seus colegas de classe já tinham tomado resoluções em relação à faculdade, cursos e trabalhos, ela ainda tentava analisar todas as suas possibilidades. Durante essa fase o que lhe dava mais ódio ainda, mais do que não saber o que fazer, eram os planos de terceiros sobre o que ela não tinha o menor interesse, apesar de não saber o que queria, ela definitivamente sabia o que não queria, um emprego chato, um namorado para afirmar sua sexualidade, um carro para ficar parada no trânsito, uma faculdade sinônimo de empregabilidade, estabilidade e grana. Essas exigências sociais lhe aborreciam. Quando enfim ingressou na faculdade e pôs a cara nos livros elas pararam um pouco. Só não sabia que elas voltariam com mais peso depois de quatro anos de Ciências Sociais e que ela se sentiria mais perdida ainda. Como a impotência de um assalto à mão armada, Susan se entrega às exigências de uma vida que nunca quis, vive os sonhos alheios e morre infeliz aos poucos com a sua carreira, dívidas, casa, marido e filhos, aguardando os netos para sepulta-la de uma vez.
Lana É madrugada faz 11° no Grajaú não consigo dormir, mas no escuro permaneço ouvindo o silêncio dos cômodos da casa sob camadas e camadas de tecidos e algodão da touca, do travesseiro e dos cobertores ouço minha respiração & meus pensamentos ouço o pc que ficou ligado ouço os ratos andando sobre o foro & Mia que para de se coçar para prestar atenção nos ruídos do teto ouço o vento que balança a janela de leve & Dante que late lá fora, provavelmente por causa dos ratos Então de repente sinto Laninha subindo em minhas pernas cobertas & se encolhendo entre elas como um caracol – pelo visto não sou só eu acordado nesse frio
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