Guitarra, acordes, riffs melancólicos, voz suave. Três e trinta e oito da madrugada. Insônia. A luz irradia do monitor. Um cigarro pela metade no cinzeiro. O gosto amargo do café se encorpa com o gosto amargo de cada tragada. Folha em branco do Word. Como a própria vida. O que colocar nela... cores, formas, imagens, sabores, saudades, lembranças, pessoas, medos, anseios, sonhos, excentricidades, inseguranças, vaidades, desejos, divagações, imaginações, realidades, simplicidade, solidão, ausência, vazio, fumaça, café, cigarro, livros, música, filmes, morte, palavras, silêncio. Se não consigo controlar a vida, é ilusão achar que consigo controlar as digressões confusas que insistem em abarrotar o papel. Por isso apenas deixo estar. Além dessa folha a música continua, os cigarros acabam e a vida se arrasta.
Lana É madrugada faz 11° no Grajaú não consigo dormir, mas no escuro permaneço ouvindo o silêncio dos cômodos da casa sob camadas e camadas de tecidos e algodão da touca, do travesseiro e dos cobertores ouço minha respiração & meus pensamentos ouço o pc que ficou ligado ouço os ratos andando sobre o foro & Mia que para de se coçar para prestar atenção nos ruídos do teto ouço o vento que balança a janela de leve & Dante que late lá fora, provavelmente por causa dos ratos Então de repente sinto Laninha subindo em minhas pernas cobertas & se encolhendo entre elas como um caracol – pelo visto não sou só eu acordado nesse frio
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