O
nosso lugar não é no centro da cidade. O nosso lugar não é nos centros
comerciais. O nosso lugar não é nos bairros nobres.
O
nosso lugar não é na escola. O nosso lugar não é na faculdade. O nosso lugar
não é no hospital.
O
nosso lugar não é nos shoppings.
O
nosso lugar não é no cinema. Não é no teatro. Não é numa exposição.
O
nosso lugar não é no transporte coletivo.
O
nosso lugar não é nas ruas.
O
nosso lugar não é onde moramos.
As
comunidades são removidas por interesses econômicos.
Os
pobres não tem lugar. Só gente montada no dinheiro.
Quem
tem dinheiro tem tudo: moradia, educação, segurança, saúde, lazer, trabalho. Quem
não tem, tem que se contentar com um rascunho de projeto de vida que sonha com
um pouco de dignidade.
O
nosso lugar é na sarjeta. O nosso lugar é na margem.
Margem
de tudo.
O
nosso lugar é nos engenhos.
O
nosso lugar é nas minas.
O
nosso lugar é na cadeia.
O
nosso lugar é na lama.
O
nosso lugar é na senzala.
O
nosso lugar é no não lugar.
O
nosso lugar não é no céu onde tudo vai ser melhor e nem no inferno onde tudo
vai ser pior.
O
nosso lugar não existe e por isso não existimos.
Para
o governo. Para o sistema de educação.
O
sistema de saúde. Para a segurança pública.
O
nosso lugar tem que ser construído por nós mesmos com suor e sangue.
E
depois dizem que o sistema contribui para isso.
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