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Mostrando postagens de dezembro, 2015

Glória A Deus! Aleluia!

Assembleia de Deus. Culto de domingo. Oito e meia. Pastor Edson começa a pregação. Livro de Atos. Capítulo dez. Versículo trinta e quatro: “Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por vontade, que Deus não faz acepção de pessoas (...)”. Também o trinta e cinco: “(...) pelo contrário, em qualquer nação aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável”. O pastor faz uma pregação eloquente sobre o amor. Usa Cornélio como ponte para as minorias de hoje. Não grita. Pastor Edson é contido. Não é fervoroso, apesar de ser pentecostal, mas é coerente. Benção apostólica. Fim do culto. Fora da igreja cantina. Doces e salgados. Os jovens se reúnem na frente do templo. Conversam. Paqueram. Está frio. Daniel dá sua blusa para Elisangela. Encostada no carro a mãe de Daniel conversa com os irmãos em Cristo. De longe ela dá uma olhada feia para o filho. Os irmãos se despedem. O marido entra no carro. Irmã Neuza chama Daniel para ir embora. Daniel se despede dos...

Chester

Chester é um cão cheio de vida. A sua vida é tanta que ela transborda. É hiperativo: não há lugar onde ele não suba, não há coisa que ele não destrua, não há momento em que ele sossegue. Arthur se cansou de comprar vasilhas para pôr ração e água para o seu vira lata, ele come todas as vasilhas possíveis, ainda se lembra da surpresa ao colocar água na nova vasilha de alumínio e se deparar com a água que era filtrada por furos no seu fundo, como uma espécie de regador. Uma faixa preta risca as costas de Chester, do rabo até ao pescoço, aonde vai se misturando, criando um degradê com o seu pelo marrom. As suas pernas e patas também são manchadas, mas de um branco que constantemente fica sujo devido a sua inquietação. Quando Arthur está em casa Chester fica com ele no quarto. Quando não está aprontando dorme tranquilo em sua cama ao lado da cama do dono. Arthur não se atrasa ao trabalho graças ao cachorro que lhe acorda com seus cheiros e lambidas, e também não consegue acordar mais...

Deus não dá, mas tira!

O nosso lugar não é no centro da cidade. O nosso lugar não é nos centros comerciais. O nosso lugar não é nos bairros nobres. O nosso lugar não é na escola. O nosso lugar não é na faculdade. O nosso lugar não é no hospital. O nosso lugar não é nos shoppings. O nosso lugar não é no cinema. Não é no teatro. Não é numa exposição. O nosso lugar não é no transporte coletivo. O nosso lugar não é nas ruas. O nosso lugar não é onde moramos. As comunidades são removidas por interesses econômicos. Os pobres não tem lugar. Só gente montada no dinheiro. Quem tem dinheiro tem tudo: moradia, educação, segurança, saúde, lazer, trabalho. Quem não tem, tem que se contentar com um rascunho de projeto de vida que sonha com um pouco de dignidade. O nosso lugar é na sarjeta. O nosso lugar é na margem. Margem de tudo. O nosso lugar é nos engenhos. O nosso lugar é nas minas. O nosso lugar é na cadeia. O nosso lugar é na lama. O nosso lugar é na ...

Samba Curto

Gente reunida. Almoço na casa dos pais de Luizinho. Amigos e colegas do seu pai. Comida e bebida. Zoada. Crianças correndo. Forró ressoando pela casa. Lágrimas. Lágrimas. Lágrimas de amor. Eu chorei. Eu chorei. Chorei por você. O senhor Carlos, entre os amigos e colegas do pai de Luizinho, sempre chamou atenção do garoto. O senhor Carlos era um negro alto, de voz grossa e fumante inveterado. Era uma chaminé ambulante. Sempre falava da vida com nostalgia enquanto bebia um conhaque no bar do Seu Ribamar, pai de Luiz. O forró comia solto no bar do Seu Ribamar, mas quando o pequeno Luiz ficava por lá as paredes tremiam com o heavy metal que saía das caixas de som. Senhor Carlos sempre protestava daquela algazarra. Quando ia ao bar levava uns discos e assim corrompia o jovem metaleiro com a batucada do samba. Trazia de tudo: Bezerra da Silva, Wilson Das Neves, Elza Soares, Paulinho Da Viola, Martinho Da Vila. Senhor Carlos dizia em meio ao riso, fumaça e cachaça que quem não go...