Primeiro foram os índios.
E agora somos nós.
Começamos nos engenhos.
Passamos para as minas.
Do tronco para a senzala.
Para os cafezais.
Só nós trabalhávamos.
E só vocês lucraram.
Partimos para a quilombagem.
Organizando quilombos.
Guerrilhas e protestos.
Coletivos ou individuais.
Fomos até bandoleiros.
Porque a violência também é uma resposta.
Por algum motivo ainda estamos aqui.
Mas hoje vocês não precisam de nós.
Por isso,
Fomos empurrados para as margens.
E somos mortos pela polícia.
Não me venha com o seu “não é assim”.
E nem com papo de miscigenação.
Me pergunto o quanto minha pele podia ser mais negra se não fosse por vocês.
Engano achar que a questão racial não está relacionada com a social.
Não somos recortes ou amostragens para a sua academia.
Não nos venham com suas pesquisas ou câmeras.
Não me objetifique e muito menos fale por mim.
Guarde sua culpa e seu humanismo.
Se ainda estamos vivos é porque a estrutura se mantém.
Ainda somos os seus subalternos: porteiros, seguranças, motoristas.
O quartinho da empregada permanece.
E a senzala também.
Sei lá com que nome: favela, quebrada, comunidade, periferia.
Felizmente,
A nossa senzala também é o nosso quilombo.
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