Toda manhã a árvore no final da rua com seus braços frondosos tenta alçancar o azul bebê do céu. As crianças ao seu redor brincam de pipa e de bike num corre-corre pra lá e pra cá que tira toda a costumeira preguiça matinal. A represa aos fundos brilha com a luz do sol com o seu azul misturando-se com o branco. A sua superfície brilhosa cobre a manhã com um éter efêmero e gelatinoso que se desmancha rápido, mas permanece na lembrança, como um sonho. As casas no horizonte flutuam sobre às águas cristalinas compondo com suas cores um quadro vivo. Vermelhas como a terra, o barro e a poeira que remetem ao lugar de origem de seus moradores ou de suas próprias ruas recém-pavimentadas. Tudo é entrecortado por cores, formas, fios, paralelepípedos, pássaros, nuvens e sombras. Não existe certo ou errado, bem ou mal, bom ou ruim, deus ou diabo, só eu e você, e o que decidimos fazer com o que temos nas mãos.
Lana É madrugada faz 11° no Grajaú não consigo dormir, mas no escuro permaneço ouvindo o silêncio dos cômodos da casa sob camadas e camadas de tecidos e algodão da touca, do travesseiro e dos cobertores ouço minha respiração & meus pensamentos ouço o pc que ficou ligado ouço os ratos andando sobre o foro & Mia que para de se coçar para prestar atenção nos ruídos do teto ouço o vento que balança a janela de leve & Dante que late lá fora, provavelmente por causa dos ratos Então de repente sinto Laninha subindo em minhas pernas cobertas & se encolhendo entre elas como um caracol – pelo visto não sou só eu acordado nesse frio
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