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Mostrando postagens de julho, 2017

Quilombo

Primeiro foram os índios. E agora somos nós. Começamos nos engenhos. Passamos para as minas. Do tronco para a senzala. Para os cafezais. Só nós trabalhávamos. E só vocês lucraram. Partimos para a quilombagem. Organizando quilombos.  Guerrilhas e protestos. Coletivos ou individuais. Fomos até bandoleiros. Porque a violência também é uma resposta. Por algum motivo ainda estamos aqui. Mas hoje vocês não precisam de nós. Por isso, Fomos empurrados para as margens. E somos mortos pela polícia. Não me venha com o seu “não é assim”. E nem com papo de miscigenação. Me pergunto o quanto minha pele podia ser mais negra se não fosse por vocês. Engano achar que a questão racial não está relacionada com a social. Não somos recortes ou amostragens para a sua academia. Não nos venham com suas pesquisas ou câmeras. Não me objetifique e muito menos fale por mim. Guarde sua culpa e seu humanismo. Se ainda estamos vivos é po...

Essa manhã bateu como um sonho

Toda manhã a árvore no final da rua com seus braços frondosos tenta alçancar o azul bebê do céu. As crianças ao seu redor brincam de pipa e de bike num corre-corre pra lá e pra cá que tira toda a costumeira preguiça matinal. A represa aos fundos brilha com a luz do sol com o seu azul misturando-se com o branco. A sua superfície brilhosa cobre a manhã com um éter efêmero e gelatinoso que se desmancha rápido, mas permanece na lembrança, como um sonho. As casas no horizonte flutuam sobre às águas cristalinas compondo com suas cores um quadro vivo. Vermelhas como a terra, o barro e a poeira que remetem ao lugar de origem de seus moradores ou de suas próprias ruas recém-pavimentadas. Tudo é entrecortado por cores, formas, fios, paralelepípedos, pássaros, nuvens e sombras. Não existe certo ou errado, bem ou mal, bom ou ruim, deus ou diabo, só eu e você, e o que decidimos fazer com o que temos nas mãos.