Em close um cinzeiro. Quatro bitucas amontoadas sobre as cinzas. A fumaça de um cigarro pela metade repousado no cinzeiro dança se contorcendo eroticamente. Ele pega-o e coloca-o na boca.
Em close uma boca com os lábios contraídos a tragar o cigarro. A tesoura dos seus dedos o devolve ao cinzeiro. A fumaça é expelida pelo seu nariz e boca. O cheiro da fumaça se incrusta na sua barba hirsuta.
Em close seus dedos se movem pelas letras do teclado de seu computador. Dedos finos e delgados a ir pra lá e pra cá, digitando as teclas que formam certas palavras, que não são outras e nem aquelas, mas essas.
Em close suas orelhas cabeludas. O cabelo encaracolado esconde a parte superior delas. São grandes e com lóbulos proeminentes. Elas captam o som que sai das caixinhas do computador. A música lhe fisga por completo e ele desiste de escrever.
A tela preta banhada com as cores da música o esconde. Prefere ficar no escuro, só fumando e sentindo, enquanto seus pensamentos voam por aí imitando a fumaça dos cigarros acendidos um por um, na noite que tudo esconde e tudo revela.
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