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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Pobre meu pai

O silêncio imperava entre mim e meu pai. Pela manhã não havia bom dia, só sabia que ele tinha ido trabalhar por causa do som da porta sendo fechada. Ele não perguntava sobre mim, meu dia ou minha escola, se tudo estava bem ou estava mal. De noite ele quase não respondia a minha benção, murmurava um deus abençoe ríspido, entre os dentes. Todos os dias eram assim. Em datas comemorativas era um simples aperto de mão acompanhado com o que cabia ao momento, “parabéns”, “feliz aniversário”, “feliz natal”, “feliz ano novo” . A sorte é que eu passava praticamente o dia sem a sua presença, via-o pela noite ou olhe lá. Quando nos víamos pela casa às vezes não falávamos nada só nos cumprimentávamos com um aceno de cabeça. Nunca o vi chorar, parecia uma rocha inabalável, nem quando sua mãe, minha vó, faleceu. Todos os meus tios choraram menos ele. Não sabia como ele se fechava dessa maneira. Não conseguia ler suas expressões, gestos e olhares, para tudo parecia indiferente. Forte meu pai. Lem...

Sombras

Uma jovem negra para em frente a um cinema com seus cartazes cheios de atrizes brancas. Não demora para que seja abordada por um homem branco desconhecido. A mulher branca da bilheteria não faz nada. A jovem negra resiste, até que um sujeito de topete e cigarro, mas também branco, dá um chega pra lá nele.  Fico com essa imagem na cabeça. Não sei o porquê.  Sombras.           Cassavetes. OBS: deve ter sido por causa das latinhas que eu bebi.