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Bicharada

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Um à toa

Tenho desejos suicidas esporádicos desde a adolescência Desde que deus não fez mais sentido pra mim & percebi que o mundo é absurdo Que somos nada em constante transformação rumo ao nada, claro Sei que isso tudo é clichê materialista e existencialista Mas fazer o quê?! Isso é o que eu sou & não tenho pra onde fugir Isso me incomodava bastante: A vida não ter um sentido ou propósito. Mas hoje eu vivo muito bem com o nonsense Das incertezas e mistérios de um mundo sem deus. Não me incomodo mais & pior, ou melhor, sei lá: a coisa toda faz mais sentido sem ele Ser um ateu, ou como gosto de dizer, Um à toa, tem suas vantagens Posso de acordo com os anos e mudanças Ressignificar a minha vida  – a lento que  nenhuma  religião pode me dar Meu amor me diz que a gratidão, De certa forma, nos salva Mesmo a vida sendo um fdp escroto  que adora surpreender a gente com rasteiras  que nos deixam es.ta.te.la.do no chão  – ...

A natureza não espera

Ando ansioso  mesmo com o tempo frio prova de que o aperreio é grande na verdade, nem é, mas já é o bastante para me tirar da cama e me fazer perder tempo sentado na frente do pc, vendo bobagens e pornografia na internet enquanto isso Helado toca seu folk de pegada latina que deixa uma vibe boa no quarto, relaxante quem aproveita esse momento são meus gatos que dormem tranquilamente em cima dos cobertores jogados sobre a cama acabei de ler um poema de Bukowski em que ele mesmo afirma que já escreveu melhores já ouvi escritores afirmando que sempre escrevem e outros que juram que ficam tempos sem escrever quais desses dois tipos de escritores falam a verdade jamais saberei provavelmente nenhum me lembrei de um professor que dizia que nem tudo que escrevemos é bom e devemos nos conformar e continuar escrevendo mesmo assim pois nem tudo na vida é excepcional tem coisas que a gente escreve que nem serve pra limpar a bun...

Narizinho

Eu queria um potinho  com seu cheirinho e ela me deu cheio de bilhetinhos coloridinhos: azul, rosa, amarelo verde Na saudade, eu que nunca fui de me acabar com o nariz, não consigo parar de cheirar seu perfume Cada mensagem contida nos bilhetinhos transpassam meu coração já cheio de  furinhos de  uma única flecha: seu amor

Gatos & Exercícios

Enquanto faço abdominais minhas gatas me encaram. Posso ouvi-las: “O que você está fazendo, humano?” Cansado na segunda série de dez concordo com elas: “O que que eu tô fazendo?!”

A matemática do amor

O universo possui 14 bilhões de anos. O sistema solar tem quase 5. A Terra também tá aí nessa faixa etária com seus 4 bilhões e meio.  A matemática nesses casos é aproximada. Fruto de processos, cálculos e fórmulas complexas. Com tantos números superlativos o tempo parece infinito.  Com os nossos 20 e poucos anos, quase 30 se pá, estamos ocupando somente a menor das menores das menores e menores frações de tempo desse mundo. Separo a dimensão do tempo com a do espaço, mas na verdade o que existe é a dimensão conjunta do espaço-tempo. E comigo ela funciona assim: quando estamos em espaços diferentes o tempo é mais lento e quando estamos pertinho ele é mais rápido. 2 anos é muito pouco, mas já é suficiente para saber: quero toda fração de tempo com você. 2 anos também é um número aproximado, pois o que construímos é maior do que esse valor. O nosso amor é maior do que a soma de nossos anos.  Ele tá mais próximo da idade do universo.  2 an...

Oh My God

Com os meus 26 já vi a morte de várias maneiras, não só em livros, filmes ou músicas, não só de artistas admirados ou inocentes desconhecidos nos telejornais. Já vi a morte na escola durante a adolescência, nas ruas e ruelas do meu bairro, nos parentes próximos e outros nem tanto, nos familiares de amigos e conhecidos, nos vizinhos e colegas, em pessoas que eram próximas, mas que por alguma razão se afastaram, nos animais de estimação e nos abandonados, nas lágrimas e no luto de quem ficou. Vi a morte pela primeira vez no rosto de minha avó, como era muito pequeno, a foto do seu caixão rodeado de flores coloridas é a minha lembrança. Um pouco mais tarde vi a morte num cavalo picado por uma cobra no bairro onde passei minha infância, cavaram um buraco enorme entre a relva verde que cercava as casas naquela pacata rua sem saída. Vi a morte num sujeito que fugia da morte com tanta vontade de viver que as suas balas fatais quase me levaram também. Não sei o que é mais triste, se a mort...